A Bolsa de Beneficência e o Princípio da Dignidade Maçônica

A bolsa de beneficência é uma das mais sublimes expressões da fraternidade maçônica, representando o dever de estender a mão àquele que está em necessidade, com discrição e solidariedade. Contudo, o uso responsável dessa ferramenta é essencial para preservar sua dignidade e evitar que sua nobre função seja deturpada.

O Simbolismo da Bolsa de Beneficência

Dentro da Maçonaria, a bolsa de beneficência simboliza o amor fraternal e o apoio mútuo entre os irmãos. Ela é usada para promover o bem-estar daqueles que enfrentam adversidades, seja em situações de saúde, dificuldades financeiras ou necessidades pontuais.

Este ato de caridade, entretanto, carrega uma premissa essencial: a ajuda deve ser concedida de maneira justa e proporcional, sem alimentar dependência ou comportamentos que desrespeitem o princípio da autossuficiência. A Maçonaria, afinal, é uma escola de aperfeiçoamento e não um lugar onde a complacência e a inércia encontram abrigo.

A Fraternidade e a Autossuficiência

O maçom é chamado a ser um construtor, não apenas do templo interior, mas também de sua vida e destino. Escorar-se constantemente nos demais irmãos ou na bolsa de beneficência, sem fazer esforços concretos para superar as dificuldades, é contrário aos ensinamentos da Ordem.

A prática de se apoiar excessivamente nos irmãos dentro da Loja demonstra falta de comprometimento com a própria evolução e com o equilíbrio fraterno. Isso pode gerar desarmonia e prejudicar os trabalhos coletivos, desviando a energia que deveria ser focada na construção do bem comum.

O Papel do Irmão que Ajuda e do Irmão que Recebe

Aquele que contribui com a bolsa de beneficência age com generosidade e discrição, entendendo que é seu dever apoiar os necessitados. No entanto, o auxílio não deve ser confundido com tolerância a abusos ou perpetuação de comportamentos que enfraqueçam o sentido de autossuficiência e dignidade.

Por outro lado, o irmão que busca auxílio deve fazê-lo com humildade e responsabilidade, utilizando os recursos de forma sábia e provisória, até que seja capaz de retomar sua independência. O pedido de ajuda deve ser uma exceção, não uma regra, sempre acompanhado de esforços para superar as dificuldades.

Educar e Fortalecer

A verdadeira caridade maçônica não consiste apenas em fornecer ajuda material, mas também em educar e fortalecer o irmão para que ele possa enfrentar as adversidades com dignidade. Isso inclui orientar, aconselhar e, se necessário, cobrar atitudes proativas para que ele supere suas limitações.

Conclusão

A bolsa de beneficência é um instrumento de amor e fraternidade, mas seu uso deve ser pautado pelo equilíbrio e pela responsabilidade. Ajudar é um dever, mas é igualmente importante incentivar o irmão a assumir sua parte na construção de sua vida e de seu caráter.

Como maçons, devemos lembrar que a fraternidade é sustentada pela ação conjunta de todos os irmãos. Portanto, é essencial que cada um assuma seu papel como construtor e contribua para o fortalecimento da Loja e dos ideais da Ordem, evitando que a dependência enfraqueça o propósito maior da Maçonaria.

☨ S.G.M. Clayton Machado ³³